Autoeuropa: Afinal, quem é que diz o quê?

Estão fazendo de nós parvos. Com que objectivos, não sabemos, suspeitamos, mas nos fazem sentir como parvos lá isso fazem!
Como podemos sentir-nos de outra forma quando de manhã se efectuam reuniões de área e o respectivo área-manager confirma que o regresso ao trabalho em 2012 será a 3 de Janeiro e poucas horas volvidas outros vêm dizer que será a 9 de Janeiro para acerto do calendário de produção da Volkswagem?
Acaso esperarão que pensemos que uma empresa da dimensão da VW quase líder mundial do seu sector altere os seus planos a nível mundial das 9 da manhã para as 2 da tarde? Quem estava a mentir ou estava mal informado? Por quem e como é que é veiculada a verdadeira informação da empresa?
Como poderemos sentirmo-nos de outra forma se nos fazem gozar só duas semanas de férias no Verão quando temos as esposas em casa e quando os filhos não têm aulas e depois de um momento para o outro nos obrigam a ficar três semanas em casa no Inverno quando só nós o podemos fazer?
Quem poderá ficar agradado com esta forma de disporem assim da nossa vida por motivos tão mal explicados? Quem poderá vir a falar-nos em defesa da família e dos seus valores se assim nos limitam o espaço da vida familiar e social?

As badaladas da Troika já se ouvem na Autoeuropa

Como podemos sentir-nos quando encheram páginas de jornais a dizer que iríamos ter de admitir quase dez centenas de trabalhadores e até talvez arrancar com o 3.º turno e agora em vésperas de Natal começam a dispensar trabalhadores e se preparam para o continuar a fazer até às vésperas do próximo shut down de verão? Com que raio de espírito natalício estão imbuídos?
Ou será que a Administração da Autoeuropa já acertou o seu relógio pelo relógio do Governo e da troika e numa perspectiva estritamente gestionária e economicista se preparam para aplicar a meia hora por dia de acréscimo de trabalho com que o governo nos quer brindar?
A meia hora a mais de trabalho que o governo pretende impor significa obrigar os trabalhadores a trabalhar mais 2 horas e meia por semana. O objectivo é eliminar um dos dias de descanso semanal, ou seja, pôr os trabalhadores a trabalhar ao sábado. Foi precisamente contra isto que os trabalhadores da Autoeuropa lutaram e venceram as pretensões da administração, se nos lembrarmos da questão do famigerado banco de horas. E a vida demonstrou, tal como a célula do PCP/Autoeuropa apontou, que a empresa não necessitava deste estratagema para funcionar ou melhorar acentuadamente os resultados e atingir os seus objectivos de produção.