Não existe Crescimento de Emprego sem Crescimento Económico

Nenhuma empresa vai contratar mais trabalhadores, se o acréscimo de produção, que daí resulta, não conseguir vender, e não são alterações nas leis laborais que criam emprego. No entanto, o governo PS de Sócrates com o apoio PSD e do Presidente da Republica Aníbal Cavaco Silva, assim como os "senhores" de Bruxelas e do FMI, e de muitos com acesso aos media em Portugal parecem que ainda não compreenderam.
No passado, aquando da aprovação do Código do Trabalho de Bagão Félix em 2003, assim quando Vieira da Silva alterou, para pior, em 2009, algumas disposições daquele código, a justificação apresentada também foi que assim ir-se-ia aumentar a produtividade e a competitividade das empresas e criar mais emprego. Como a experiência provou tudo isso era uma grande mentira.
Agora assistimos novamente à repetição do mesmo espectáculo. A Comissão Europeia; o FMI; os patrões, PSD, Presidente da Republica e os habituais comentadores com acesso privilegiado aos media em Portugal começam a bombardear, de novo, a opinião publica dizendo que é necessário mais alterações nas leis laborais para sair da crise. E o governo de Sócrates, fragilizado e de joelhos perante esta pressão, submete-se, de novo, submisso a este "jogo", embora de uma forma atabalhoada.
Portugal é um dos países da UE27 com maior taxa de precariedade.
Este dado prova, de uma forma clara, que a rigidez das leis de trabalho em Portugal é um mito, para não dizer mesmo, uma grande mentira pois, a ser verdade, não seria possível nem a enorme precariedade referida anteriormente nem esta tão elevada criação e destruição de emprego. Facilitar e apoiar financeiramente o despedimento só poderá agravar ainda mais o problema do desemprego em Portugal já que seria aproveitada pelos patrões para despedir ainda mais procurando, assim, recuperar uma parte da margem de lucro perdida devido à crise. É isso precisamente o que pretende o governo, com o apoio do PSD e Presidente da Republica, ao propor financiar os patrões, com fundos públicos, nos despedimentos colectivos que realizarem, como se conclui das declarações de Vieira da Silva.
Afirmar, como Sócrates e o resto do governo, que as alterações que pretendem introduzir não visam financiar e embaratecer o despedimento, e considerar que o paradigma a seguir em Portugal é a reforma laboral de Espanha, como afirma Vieira da Silva, é faltar à verdade, para não dizer pretender manipular a opinião pública utilizando a mentira. Concretizar mais um "reforma laboral" desta natureza, copiando Zapatero que teve a oposição em Espanha de todas as confederações sindicais, só poderá determinar que o desemprego aumente ainda mais e que as dificuldades financeiras do Orçamento Estado e da Segurança Social cresçam para beneficiar os patrões que já consideraram a proposta do governo como "tendo pernas para andar".